sexta-feira, 23 de março de 2012

Educação da Fé.Iniciação a Vida Cristã...Por que?

“Tarde te amei, beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei Tu estavas dentro de mim e eu te buscava fora de mim...Brilhaste e resplandeceste diante de mim, e expulsaste dos meus olhos a cegueira.Exalaste o teu Espírito e aspirei o teu perfume, e desejei-te. Saboreei-te, e agora tenho fome e sede de ti.Tocaste-me, e abrasei-me na tua paz”. Santo Agostinho, confissões X, 27,38.

1.1.MUITOS, SEM SABER, ESTÃO EM BUSCA DESSA BELEZA.
Agostinho descobriu tarde a sedução da pessoa e da proposta de Jesus. Outras grandes figuras trilharam esse caminho, como se vê na declaração bem semelhante, de Charles de Foucauld:”Ó meu Deus, a que ponto tua mão me segurava e eu não percebia como és bom e me preservaste Tu me cobrias com tuas asas quando eu nem mesmo acreditava em tua existência”. Nas talvez isso até tenha contribuído de certo modo para uma entrega mais intensa, com conhecimento de causa e com a consciência do vazio deixado por tantas outras buscas.Essa procura, a pergunta por Deus, está em todos nós. Muitos são os que andam inquietos pelo mundo, descontentes com propostas que ainda não conquistaram sua mente e seu coração; há também outros, que de certa forma perderam de vista o Transcendente, ao se deixar levar pelo imediatismo, pelo materialismo,e pelas muitas seduções de uma sociedade que valoriza outras conquistas...

O ser humano vive a procura de respostas sobre a vida e, no fundo, sobre si mesmo. Pode até ser iludido por turbilhões que escondem essa busca, fugas que acabam levando a caminhos perigosos ou alienantes.Mas as perguntam continuam lá dentro de homens e mulheres que querem saber quem são, porque estão neste mundo, que sentido tem as escolhas que a vida exige de nós.

João Paulo II: A fé é a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para contemplação da verdade. Foi Deus quem colocou no coração do homem o desejo de conhecer a verdade e, em ultima análise, de O conhecer, para que, conhecendo-o e amando-o possa chegar também a verdade plena sobre si próprio.
O Catecismo da Igreja Católica afirma que “o homem é capaz de Deus” logo em primeiro capítulo, que inicia assim: “O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar.”
Jesus evangelizou os adultos e abençoou as crianças. Nós muitas vezes fazemos o contrário. As crianças é claro sempre serão bem vindas e tem todo direito de viver a experiência do amor de Deus.Mas adultos que vão descobrindo o que, sem saber, seu coração sempre buscou, precisam de um processo bem vivido de iniciação.
1.2-UMA NECESSIDADE RELOGIOSA, MAS TAMBEM ANTROPOLÓGICA.
Há muitos séculos Tertuliano já dizia que “os cristão se fazem não nascem”.
“...não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma pessoa, que dá novo horizonte a vida e com isso, uma orientação decisiva.”
A iniciação Cristã tem muito a oferecer também quando alguém vive em crise e insegurança. Para isso, é preciso que a pessoa se sinta, em todo o processo, apoiada por uma comunidade acolhedora.

1.3- FOI ASSIM NO COMEÇO DA IGREJA.
Jesus formou discípulos, devagar. Houve um primeiro chamado, um aprendizado e um convívio. Houve etapas na missão, envio, aprofundamento. Mas mesmo assim não estavam totalmente prontos para a tarefa de ser Igreja até que viveram a experiência do mistério pascal. Alguns textos de evangelho já nos dão, de forma sintética um caminho. Podemos refletir assim sobre o processo do chamado:

1-tudo começa com uma busca- que procurais/ pergunta Jesus;
2-isso gera um encontro:”onde moras? Dizem eles. No fundo estão perguntando:”como te conheceremos melhor”?Jesus responde: “Vinde e vede”;
3- e produz conversão: eles vão, vêem...e decidem segui–lo;
4-assim o processo vai produzindo comunhão: permaneceram com ele, acompanharam seu caminho, compartilharam até seu poder de expulsar o mal e curar.
5-que leva a missão: cada discípulo atrai outros, para anunciar juntos a boa nova e depois fazer discípulos em todos os povos.
6-a missão leva a transformação da sociedade: já nos Atos dos Apóstolos e nas comunidades vislumbradas nas cartas do Novo Testamento, vemos propostas de novos tipos de relacionamentos, em que a solidariedade, a comunhão e a fraternidade constroem um novo jeito de viver. Afinal Jesus veio para transformar, trazer mais vida para todos. A conseqüência social do seguimento do Evangelho deve se tornar visível para que a missão seja coerente.
todos esses passos.
iniciação se dava se dava em comunidades eclesiais que viviam com intensidade as conseqüências da adesão a Cristo e que, com isso, davam sólido suporte aos iniciantes. A partir de Pentecostes a Igreja cresceu através de um processo de iniciação, com Essa O livro Atos dos Apóstolos nos apresenta sinais muito mobilizadores, vividos na Igreja primitiva:”eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações”.A comunhão era forte, superava diferenças sociais e oferecia um apoio mútuo:”A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma”.
O caminho da iniciação ficou evidente, a partir do século II, com a estruturação do catecumenato para promover a introdução dos novos convertidos na vida da Igreja.
O catecumenato foi reproduzido a Quaresma até desaparecer e ser substituído pelo batismo de massa.
1.4-CRISTANDADE: EVOLUÇÃO E DECLINIO.
As pessoas eram batizadas, faziam primeira comunhão, casavam na Igreja..mas gradativamente muitos foram deixando de perceber o que esse compromisso de fato significava.
O projeto de Jesus não tem nada de pequeno ou mesquinho; pelo contrario, somos chamados a um trabalho exigente e emocionante. Num mundo ferido por violência, escravizado ao consumismo irresponsável, numa sociedade construída sobre a injustiça, Jesus nos impulsiona a viver a fraternidade, a defender os fracos, a construir a paz valorizando a honestidade e a dignidade humana, sabendo perdoar e partilhar.
1.5-TUDO ISSO É UM APELO PARA UMA IGREJA MELHOR.

“Encontrei Jesus”E nos perguntamos”como pode ser isso? Jesus estava aqui o tempo todo, na palavra, na Eucaristia, na missão...” Mas fica meio evidente que mesmo que tenha faltado a presença de Jesus, algo importante ficou ausente.Quem não encontrou Jesus, de fato não foi iniciado na fé, mesmo que tenha estado junto de nós por muitos anos. Encontrar Jesus é colocar-se também em linha dieta com a experiência dos primeiros cristãos.A igreja vai se formando a partir de uma missão recebida do próprio Cristo e transmitida pelos que se tornaram seus seguidores. O Espírito Santo confirma, sustenta e expande a missão – e isso é vivenciado com fortes sinais em Pentecostes. Dificuldades e perseguições, em vez de gerar desanimo, produzem mais ardor missionário. As comunidades se sentem portadoras de uma missão transformadora, vivem com entusiasmo a experiência do chamado.
1.6- A COMUNIDADE INTEIRA VAI SER SINAL DE ALGO MUITO BOM.
missionário. Isso requer novas atitudes pastorais por parte dos BISPOS Jesus respondeu aos que buscavam: “Vinde e vede” Ele evidentemente, passou neste teste que ele mesmo propôs.Eles foram viram, se encantaram com o que vivenciaram, ficaram, aprenderam, depois partiram em missão com a vida transformada para sempre.A iniciação a vida cristã supõe uma comunidade que passe no teste do “vinde e vede”. Iniciação não é só aprendizado de doutrina.É inserção na totalidade da experiência de fé dentro de uma comunidade em que se identifica a presença ativa do fermento do evangelho e a força transformadora do amor de Jesus.
Para que tudo isso possa ser experimentado no processo de iniciação a comunidade precisará de planejamento participativo num sólido espírito de pastoral orgânica.Diz o documento de Aparecida; “Uma comunidade que assume a iniciação cristã renova sua vida comunitária e desperta seu caráter, PRESBÍTEROS, PADRES, PESSOAS CONSAGRADAS E AGENTES DE PALTORAL.
Essa renovação fica estimulada pela permanente necessidade de oferecer uma boa imagem de igreja a quem se inicia. Cuidando bem dos que chegam, a comunidade acaba cuidando melhor de si mesma.Com esse estimulo a comunidade torna-se bem mais animada para fazer o que lhe está sendo insistentemente pedido.Uma comunidade comprometida com um processo de iniciação é aquela Igreja onde quem chega se sente em casa, acolhido num servir com alegria e com esperança de poder fazer a diferença em meio aos sofrimentos e injustiças deste nosso mundo.
1.7- CRESCIMENTO E ALEGRIA AO FAZER O QUE DEUS NOS PEDE.
A iniciação cristã é uma exigência da missão da Igreja nos dias de hoje: formar cristãos firmes e conscientes, novos tempos em que a opção religiosa é uma escolha e não e não uma tradição cultural. É um dever que temos como servidores de Evangelho.
Motivados para esse novo desafio, vamos refletir um pouco mais sobre o que é de fato a iniciação cristã, o processo a ser desenvolvido, os interlocutores que teremos nessa caminhada, os agentes que devem se desenvolver nessa tarefa e as situações em que somos chamados a atuar.
Referencias.
Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil.
Coleção:Estudos da CNBB-97
Edição-2009
Iniciação A Vida Cristã: Um processo de Inspiração Catecumenal.

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